Em virtude das mudanças realizadas pelo arcebistpo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, o Pe. Fábio Pinheiro Bezerra deixará a Paróquia de Nossa Senhora do Ó, em Nísia Floresta, para assumir a Paróquia de Nossa Senhora Mãe dos Homens, no município de João Câmara. Para seu lugar, virá o Pe. Ajosenildo Nunes, que estava recentemente como reitor do Seminário de São Pedro, na capital potiguar.
O blog Nísia Digital ralizou uma entrevista com o sacerdote, onde ele falou sobre seu pastoreio em terras nisiaflorestenses, suas expectativas para a nova missão, entre outros. Confira a seguir:
O blog Nísia Digital ralizou uma entrevista com o sacerdote, onde ele falou sobre seu pastoreio em terras nisiaflorestenses, suas expectativas para a nova missão, entre outros. Confira a seguir:
Nísia
Digital: Como foi a sua reação a saber que seria transferido da Paróquia de
Nísia Floresta para a de João Câmara?
Padre
Fábio: Confesso que não esperava ser tão rápida, a minha transferência. Contava
que pudesse realizar ainda alguns projetos que tinha em mente. Contudo, estou
ciente de que sou padre para a Igreja e vou aonde ela me convocar, pois prometi
servi-la em qualquer tempo através dos meus superiores.
ND:
Quando chegou a Nísia Floresta, quais foram as suas impressões sobre o momento
da igreja católica na cidade?
PF:
Quando aqui cheguei vim com informações que o povo de Nísia Floresta era um
povo frio, que não manifestava sua fé com vivacidade, que não tinha expressões
religiosas visíveis, porém pude constatar que nem tudo é verdade. Que é um povo
católico de uma fé viva, que apenas precisa ser cultivada. Um povo também
hospitaleiro que sabe expressar sua fé de um jeito próprio e aberto ao novo, a
viver, professar e celebrar a evangelização a partir da motivação de “quem”
conduz o rebanho. Certa vez disse um padre: “A paróquia é reflexo do padre e o
padre da paróquia”.
ND:
Conte-nos um pouco como foi a sua trajetória em terras nisiaflorestenses.
PF:
Quando fui ordenado Presbítero o então Arcebispo de Natal, Dom Matias Patrício
me enviou a Nísia Floresta para cooperar na vida pastoral e administrativa com
o Pe. José Lenilson de Morais. Cheguei aqui dia 27 de novembro de 2010. Era um
domingo, dia de Nossa Senhora das Graças. Com Pe. Lenilson vivemos momentos
muito bons. Foi um experiência singular. Pudemos juntos realizar alguns
projetos. Com a sua renuncia assumi a administração paroquial e procurei
continuar a missão que juntos começamos cultivando entre os paroquianos, sempre
uma comunhão entre pastor e ovelha. Procuramos estar próximos dos fiéis como
deve ser a Igreja, mesmo com todas as nossas limitações. Creio que a grande
missão da Igreja hoje deve ser a de acolher. O cristão na Igreja precisa se
sentir em casa! A Igreja deve ser a sua casa! Procurei com todos os defeitos
semear e cultivar isto.
Depois
de falar da mais importante missão, que ao meu ver é da herança espiritual que
deve permanecer no coração de cada nisiaflorestense, que pode retornar a Casa
de Deus, gostaria de citar ainda alguns feitos, que sem a colaboração
indispensável de cada paroquiano não teria sido possível: os novos bancos para
a igreja matriz; as grades que ladeiam a matriz (causa de polêmicas); o novo
equipamento de som (sonho realizado) e instrumentos musicais; muitas imagens
que estavam deterioradas e foram restauradas; um novo ostensório, turíbulo,
castiçais ladeando o altar, cadeira presidencial; o galpão no Centro Pastoral
(a ser concluído); balcão do dízimo e quase toda a mobília da casa paroquial.
Esse
legado é o menos importante, mas necessário ser dito. Faço minhas as palavras
do evangelista Lucas: “somos servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer” (Lc
17,10).
Como
diz uma canção de Richard Clayderman: “não fiz tudo que eu quis, mas sou feliz,
não fui perfeito. Errei, mas eu tentei fazer direito”.
ND:
Destaque os momentos que mais lhe marcaram positivamente.
PF:
Entre tantos momentos importantes e felizes, quero citar apenas dois: A Semana
Missionária e o Cerco de Jericó, momentos ímpar de evangelização, de visitas às
casas, de adoração perpétua, de procissões, de celebrações eucarísticas nas
ruas, cercamos todo o centro da cidade. O segundo momento foi a celebração do
jubileu da Campanha da Fraternidade, onde trabalhamos incansavelmente para que
tudo saísse da melhor forma possível. A presença de tantos bispos, padres,
religiosos(as), leigos(as) consagrados, além das inesquecíveis irmãs
Missionárias de Jesus Crucificado. Enfim, a presença do povo de Deus que de
fato vestiu a camisa da CF. Momentos inesquecíveis.
ND:
Houve momentos difíceis?
PF:
Sim. Sempre contamos com os espinhos. Com eles aprendemos a confiar mais na
graça de Deus, e que só é possível chegar as pétalas se estivermos dispostos a
passar pelos espinhos. Entretanto, prefiro não citá-los.
ND:
Como avalia as últimas mudanças feitas pelo arcebispo de Natal, transferindo
diversos padres entre algumas paróquias?
PF:
Costuma dizer o nosso bispo: “A Paróquia é maior que o padre; A Diocese maior
que o bispo; e a Igreja é maior que o Papa”. Nós todos estamos muito
acostumados a olharmos apenas para as nossas realidades, e por vezes esquecemos
que a missão da Igreja é vasta e que o bispo, como o próprio nome Episcopói, em
grego nos diz: é aquele que vigia, que governa. Ele como sucessor dos apóstolos
é o responsável por ver as necessidades da Igreja. Portanto, é a Igreja que
precisa, são os nossos irmãos de outras realidades, que precisam de
evangelização e eu não posso ser egoísta e pensar somente que a evangelização
se restringe ao meu território. O bispo sabe certamente o que faz, pois não
decide sozinho, tem um conselho de vigários episcopais e padres conselheiros.
ND:
O que achou do movimento que foi realizado pedindo a sua permanência na
Paróquia de Nossa Senhora do Ó?
PF:
Creio que as manifestações de carinho são positivas e devem ser externadas, sem
dúvida. Agradeço o carinho e atenção que me foram transmitidos, porém não
concordo com alguns comentários negativos em relação ao bispo, de palavrões,
palavras indecentes que não condizem com a conduta de um cristão. Eu confesso
que não semeei desobediência à autoridade da Igreja, em momento nenhum.
Quando
o bispo me convocou para a conversa, falei sobre alguns projetos para Nísia
Floresta que ainda precisavam ser concluídos, porém ele nos apresentou a
urgente necessidade pastoral de João Câmara e que contava comigo naquela nova
missão, e eu como cooperador do ministério episcopal disse sim ao chamado da
Igreja. Há em meu coração um misto de tristeza e alegria. De tristeza por
deixar em um pouco espaço de tempo Nísia Floresta e alegria por poder servir a
Igreja de Nosso Senhor, pois é esta a nossa missão.
ND:
Quais são as suas expectativas para sua nova missão, em João Câmara?
PF:
Estou levando a experiência de um paroquiato vivido em curto prazo de tempo,
mas que muito me servirá. É uma outra realidade, certamente. Um desafio a ser
enfrentado na evangelização de 64 comunidades contando com a realidade de
muitos assentamentos. Porém estou feliz em poder servir a Igreja de Nosso
Senhor Jesus Cristo, grato ao governo diocesano por poder confiar na minha
juventude uma missão tão importante que é a de ser sinal de Jesus para aquele
povo. Contando certamente com as orações de todos.
ND:
Deixe a sua mensagem para o povo de Nísia Floresta.
PF:
Ao meu amado povo de Deus em Nísia Floresta, amo muito todos vocês! Aqui em
Nísia vivi as primícias do meu sacerdócio. Aqui Cristo realizou em mim, as
primeiras missas, os primeiros batizados, as primeiras confissões, os primeiros
casamentos, as primeiras unções dos enfermos, tudo foi em primeiro lugar, aqui.
E como dizem: “o primeiro amor a gente nunca esquece”. Gostaria de dizer:
continuem fiéis a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, nela está a verdadeira
Igreja de Cristo, nela podemos receber todos os sacramentos que nos conduzem ao
céu. Amem a Igreja. Continuem protagonistas de um mundo novo, de uma paróquia
que esteve sempre a frente da evangelização, que é berço da Campanha da
Fraternidade. Sejam destemidos! Avancem, para construir uma sociedade baseada
nos princípios éticos e morais! E assim como sempre nos acolheu bem, acolha o
Pe. Ajosenildo Nunes que vem em nome do Senhor para continuar a missão da
Igreja, que é a de evangelizar.
Com
a Virgem Maria, abençoe-nos o seu Divino Filho.
O
Nísia Digital agradece ao Pe. Fábio Pinheiro pela entrevista que nos foi
concedida e pelo atenção que sempre direcionou à este meio de comunicação. Aos
mesmo tempo, deseja êxito em sua nova missão na “terra dos tremores”, como é
conhecida a cidade de João Câmara.
Fonte: Nísia Digital
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